Livro alerta para lesões causadas por posturas de ioga

 

Uma cirurgia no crânio para retirada de tecidos mortos no cérebro e controle de hemorragias. Esse foi o tratamento para os danos de um acidente vascular cerebral sofrido por uma mulher de 28 anos que executava a postura do arco elevado: o corpo fica arqueado para trás o mais alto possível, apoiado nos pés e nas mãos, enquanto também se dobra o pescoço.
Na hora, ela sentiu "uma severa dor de cabeça latejante". No hospital, os médicos descobriram que uma artéria do pescoço tinha sido comprimida. Depois de dois anos de fisioterapia, ela ainda sofria tremores no braço esquerdo e sequelas no olho.
Esse é um dos casos de lesão grave relatados no livro "Moderna Ciência do Yoga "" Os Riscos e as Recompensas", que chega agora ao Brasil. Praticante de ioga há mais de 40 anos, o autor é editor sênior do "New York Times" e se dedicou a pesquisas sobre o tema por cinco anos.
Quando o livro saiu nos EUA,em 2012, William Broad foi chamado de "o inimigo número um da ioga". "Para muitos, ioga é como uma religião", disse à Folha. "Fui considerado um herege." Ele levantou estudos que relatavam um crescente número de lesões, além de lembrar sua própria experiência como lesionado.
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress
"Uma dor cegante me obrigou a ignorar tudo. Minhas pernas falharam, e o recinto desapareceu em meio às lágrimas. Meu corpo bateu com força na parede. A recuperação levou semanas."
Talvez o mais impressionante, porém, seja um estudo realizado em 2009 com 1.300 professores e terapeutas de 34 países pedindo que informassem sobre lesões sérias que tinham visto.
Houve 231 relatos de lesões na porção inferior nas costas, 219 incidentes nos ombros, 174 no joelho, 110 no pescoço e ainda 43 ocorrências de hérnia de disco, 17 relatos de fraturas e cinco casos de problemas cardíacos. E apareceu o AVC, com quatro relatos.
"Não acredito que a ioga seja arriscada. Sou professor há mais de 30 anos e nunca tive casos", diz Anderson Allegro, 49, presidente da Aliança do Yoga, fórum de escolas de ioga no Brasil.
Mas eles existem. O ortopedista Henrique Cabrita, do Instituto Vita, diz receber até dois pacientes por mês com lesão no quadril por excesso de esforço em posturas de ioga, como a posição de lótus, estilo de básico de sentar.
Já no Instituto Cohen de Ortopedia, "as lesões não são tão frequentes", segundo o ortopedista Moisés Cohen.
Mas ele já atendeu casos de lesões nos meniscos que necessitaram de cirurgia.
Para fugir do bisturi, o iogue Roberto Marques, 32, recorreu a práticas da própria disciplina. Ele sofreu uma lesão há nove anos, quando demonstrava uma postura difícil, chamada "matsyendrasana", uma torção da coluna.
"Meu joelho estalou, houve rompimento do menisco medial. Consultei ortopedistas, os quatro recomendaram cirurgia. Preferi não fazer."
Apesar dos possíveis riscos, Broad, os mestres e os médicos ouvidos pela reportagem concordam que os benefícios são grandes, desde que o praticante e seu orientador estejam alertas.
"Os riscos, em geral, estão relacionados a erros nas posições e excessos de treinamento", afirma Cohen.
E Cabrita adverte: "Pacientes com artrose de quadril não devem fazem posições extremas. É importante ter uma boa orientação e que se conheçam lesões e queixas de dores dos praticantes".

FONTE: Folha.uol.com.br

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