Organizando os exercícios do treino de maneira sinérgica

São poucas as pessoas que, ao iniciarem um treinamento de um grupamento específico, se importam com a sinergia do mesmo ou ao menos que a conhecem. Isso reflete-se de maneira estrambólica quando vemos um indivíduo realizar uma sessão de treinos envolvendo costas e bíceps, iniciando o treinamento com a rosca direta, indo então na sequência para a puxada pela frente com barra, depois remada baixa, seguido de rosca alternada… Enfim, uma tremenda bagunça! Para você que tem uma noção mínima de treinamento, provavelmente isso pode parecer um absurdo, a princípio, mas de fato acontece. Claro que não podemos confundir, por exemplo, uma pré-exaustão com contração isométrica na barra fixa seguida de rosca direta em um sistema proposto por Mike Mentzer. Neste caso, temos um enfoque e um estresse visando os bíceps e não os dorsais e/ou os dorsais e bíceps.
Mas, mesmo aqueles que conhecem o básico da musculação e não se dão ao luxo de cometer erros tão primários, muitas vezes até por falta de orientação adequada, acabam não dando a devida atenção para um treinamento com exercícios sinergicamente organizados, muitas vezes, também por falta de entendimento.
É importante salientar, todavia que, esta é apenas mais uma das inúmeras formas que temos de organizar um treinamento e que, não seguir uma lógica como essa não está errado. Ambas são variações que podem ocorrer em diversos períodos, conforme as necessidades e o enfoque de quem está treinando. Além disso, devemos lembrar que com exceções de exercícios extremamente isolados, quando executamos um movimento (principalmente em exercícios compostos), o músculo é recrutado basicamente por completo, claro que, com enfoques diferentes. Por exemplo, se executamos um supino inclinado, não quer dizer que o peitoral inferior esteja totalmente fora do movimento, mas sim, que o enfoque é a região superior do peitoral apenas. Então, se falarmos de sinergia, devemos ainda levar em consideração que, por hora ou outra, a musculatura alvo é recrutada por completo.
Quando falamos em um treinamento de costas, entre duas possibilidades, sendo elas a “assinérgica” e a “sinérgica”, podemos relacionar duas sequências de exercícios, respectivamente da seguinte forma:
Forma “assinergica”:
A: Puxada frente com pegada aberta, Levantamento Terra, Remada curvada com barra, remada baixa e crucifixo inverso.
Formas “sinérgicas”:
A: Levantamento terra, remada baixa com triângulo, Puxada frente com barra aberta e remada com corda e polia alta (visando os deltóides posteriores).
B: Crucifixo inverso (deltóides posteriores), Remada curvada com barra reta, Remada cavalinho, Serrote unilateral e Levantamento Terra.
Você percebeu então, alguma diferença entre os dois treinamentos? No primeiro caso, obtemos um treinamento completo das costas, mas, se bem percebemos, neste treino, não levamos em consideração o seguimento inferior/superior ou superior/inferior das costas. Por exemplo, começamos trabalhando a lateralidade das costas, seguido da região lombar, depois a parte mediana e inferior dos dorsais e, na sequência, os deltóides posteriores. Sobe, desce, sobe desce… Esta divisão pode ser interessante para indivíduos que, por exemplo, buscam um enfoque na lateralidade dos dorsais, reservando o primeiro exercício, que normalmente é o que se está com níveis de energia mais alto logo para o início, aproveitando o máximo do mesmo.
Agora, se observarmos no treino “A” da forma sinérgica, vamos observar que o mesmo inicia pelas porções inferiores das costas (lombar, mais especificamente, apesar do levantamento terra atingir sim parte dos dorsais, deltódies posteriores e trapézio, dorsais inferiores, lateralidade dos dorsais e deltóides posteriores). Da mesma forma, se observarmos o treino B, bem veremos o contrário, iniciando o treinamento da parte superior das costas, parte lateral e inferior ao final do treinamento.
Do contrário do primeiro, entre algumas vantagens, podemos citar como primeira o fato de inicializarmos uma pré-exaustão das costas inteiras no primeiro caso (pelo levantamento terra) e uma finalização, recrutando o máximo de fibras, no segundo caso.
Além disso, treinar em sistemas sinérgicos pode acrescentar a vantagem de conseguirmos realizar o treinamento isolando cada parte de onde queremos trabalhar. E isso, na prática, pode fazer diferença. Por exemplo: Se buscamos estabilidade das costas, ou mais especificamente da lombar, para conseguirmos, de fato nos posicionarmos a fim de trabalhar os dorsais, sem despencar o tronco num pulldown (por dificuldade própria do indivíduo), talvez não seja interessante que tenhamos treinado a região lombar previamente. Neste caso, poderíamos ter iniciado o treino com a própria remada curvada (Bent over Rows) e não com o levantamento Terra. E assim segue a lógica…
Uma terceira vantagem é a própria organização do treino que se torna muito mais eficaz, evitando possíveis esquecimentos de erros que o possam fazer deixar de trabalhar alguma região do corpo. Isso porque, além de termos de organizar os exercícios, previamente teremos de ver onde tal exercício irá atingir ou não.
Mas, você deve estar imaginando que, falando de costas que trata-se de um grupamento muito grande, é mais fácil conseguir organizar e entender essa lógica. E sim, de fato é! Mas isso não quer dizer que músculos pequenos também não possam receber a mesma atenção.
Imagine o bíceps. Diferente do tríceps, fica difícil observar suas divisões, mas, poderemos trabalhá-lo em sentido mediano para lateral, por exemplo. Isso pode ser feito, realizando um treino inicialmente com o Scott concentrado, partindo para rosca alternada sentado, rosca martelo e, porque não uma rosca direta com barra reta e pegada neutra no final?
Conclusão:
Não existe forma correta ou errada de realizar a sequência de exercícios na musculação, desde que sejam minimamente organizados. Todavia, o treino que obedece uma sinergia na realização dos exercícios pode acrescentar benefícios extras, além de ser mais uma variação de treinamento.

Artigo escrito por Marcelo Sendon (@marcelosendon)

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