A creatina, suplemento alimentar indicado para atletas de alta performance, é uma substância polêmica. Depois de ter sido proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e liberada três anos depois, em abril deste ano, a creatina ainda é alvo de discussões e estudos.
Pesquisa feita pelo especialista em Ciências do Esporte da Universidade Old Dominion, de Virgínia, nos Estados Unidos, Melvin Williams, defende a tese de que a creatina pode ser usada não só por atletas de alta performance, mas também por praticantes habituais de esportes e, ainda, em tratamentos médicos.
Naturalmente o corpo produz cerca de 2g de creatina por dia. Para melhorar o desempenho físico e auxiliar no aumento de massa muscular sem causar malefícios, a Anvisa recomenda que o atleta ingira até 3g por dia. “Ela pode ser consumida por pessoas com problemas de distrofia muscular e idosos com osteoporose. Porém, sempre associada a atividade física ou terapia muscular, como fisioterapia”, disse Williams. Segundo ele, efeitos colaterais surgem somente quando a quantidade ingerida é abusiva. “Pode sobrecarregar o fígado e os rins”, contou.
Depois de liberada pela Anvisa para atletas, a creatina passou a ser comercializada em lojas de suplementos alimentares. “Na minha opinião, ela deveria ser vendida somente em farmácias e com receita médica”, disse o professor de educação física Paulo Portella, que toma a creatina alternando os dias. “Ela não faz milagre. Se a pessoa quer ganhar massa, primeiro tem de corrigir a alimentação e só depois ver se há necessidade disso”, disse Portella. Um pote com 150g de creatina pode variar entre R$ 50 e R$ 190.
O especialista em nutrição para o esporte da USP Ribeirão Preto, Rafael Deminice, estuda a substância há mais de cinco anos. “Alguns testes em animais demonstrou que a molécula da creatina tem um grande potencial”, disse. Segundo ele, os dados para uso do suplemento em tratamentos médicos ainda são recentes, por isso é importante haver mais estudos. “Demonstrou melhora em casos de distrofia e até Mal de Parkinson, mas isso em animais e a curto prazo. Precisamos de mais informações para evitar efeitos colaterais”, afirmou Deminice.
Usuários não sabem razão de consumo
Apesar de poder causar sobrecarga no fígado e nos rins em caso de uso inadequado, a maioria dos usuários de creatina não sabe porque consome o produto. “Constatamos que 80% das pessoas que usam suplementos, não só creatina, não receberam nenhuma orientação sobre uso e tomam por tomar, por indicação de amigos ou da mídia”, disse o especialista em nutrição para o esporte da USP Ribeirão Preto, Rafael Deminice. O pesquisador também conta que ocorre um conflito de informações entre professores de educação física e nutricionistas. “Cerca de 40% dos professores se acham aptos para indicar suplementos, enquanto o mesmo número de nutricionistas acham que podem indicar atividades físicas. É preciso um trabalho multidisciplinar para evitar as contradições”, afirmou Deminice. O professor de educação física Paulo Portella não proíbe que seus alunos usem a substância, mas recomenda uma visita ao médico. “É preciso acompanhamento e mudança de hábito. Não pode tomar bebida alcoólica e é necessário se hidratar bem mais para não sobrecarregar o fígado e os rins”, contou. (RV).
FONTE: Informacaonutricional.net
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