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Muito tenho visto na composição de suplementos (principalmente importados) a presença de um fitoterápico, chamado Yohimbina.
Quando vi esse nome e o que prometia, fui procurar o seu mecanismo
fisiológico de atuação। Pois bem, a Yohimbina é um alcalóide presente na
casca da Yohimbe (uma planta de origem africana) utilizada há anos no
tratamento de disfunção erétil, visto que atua como um vasodilatador. Ou
seja, ela melhora a qualidade da ereção nos homens,porém sem aumentar a
libido.

Os mamíferos possuem os receptores ß (beta) e α (alfa) no tecido
adiposo. São nos receptores ß que as catecolaminas (adrenalina e
noradrenalina) se ligam para ativar a lipólise (utilização de gordura
como fonte de energia). Porém, em diversas situações, como em dietas
restritivas (principalmente com muito intervalo entre as refeições),
peso muito baixo do ideal e, no outro extremo, alguns casos de
obesidade, com o envelhecimento, ações hormonais (estrógeno, por
exemplo), os receptores α são ativados e bloqueiam a lipólise. Esse é um
mecanismo de defesa de nosso corpo para preservar o que é a maior
reserva de energia do organismo: os adipócitos. E do ponto de vista
energético, essa fonte de energia é preciosa em tempos de falta de
alimento. O que é descartável, do ponto de vista energético, é a
proteína muscular. Afinal, podemos viver sem um braço, uma perna, porém
não podemos viver sem o fígado, sem o coração, o intestino. Por isso,
devemos ter energia para as funções orgânicas. Entretanto, como hoje
possuímos supermercados, geladeiras etc, esse mecanismo tornou-se
indispensável.
Agora podemos entender porque, ao emagrecer, algumas regiões insistem
em conservar aquela gordurinha. Em mulheres, por exemplo, é na região
dos quadris. E isso é importante biologicamente, pois a mulher gera um
ser e este deve ficar protegido durante a gestação. E o tecido adiposo
forma uma capa protetora para o feto. Além disso, em ambos os sexos,
aquela gordurinha que se localiza na região lombar, formando o que
chamamos de “pneus”, seria para proteção dos rins.
A Yohimbina é um bloqueador dos alpha2receptores (antagonista), ou seja,
ela atua impedindo que a queima de gordura seja freada. Existem vários
estudos sobre Yohimbina, porém vou tratar dos mais expressivos e/ou
recentes.
Ostojic (2006) analisou o uso de 20 mg de yohimbina em 20 jogadores de
futebol americanos e houve uma significativa diminuição do peso gordo desses
jogadores, sem quaisquer alterações na massa magra. McCarty (2002)
frisa que os efeitos colaterais da yohimbina são bem mais moderados que
os demais estimulantes adrenérgicos (efedrina, por exemplo) e,
administrada antes do exercício, aumenta as concentrações de ácidos
graxos livres, a oxidação de gordura (devido ao menor quociente
respiratório), potencializando a lipólise. Porém, deve-se tomar cuidado
para evitar a ingestão concomitante com carboidratos, pois a Yohimbina
potencializa o pico de insulina pós-prandial. Há trabalhos que
utilizaram administração tópica de yohimbina e, no trabalho de Greenway
(1995) as mulheres obtiveram uma maior redução dos quadris após seis
semanas realizando caminhadas e dieta.
Embora se tenha a necessidade de um maior número de trabalhos para
comprovar a eficácia da Yohimbina, é certo que a fórmula mágica continua
não existindo. Ainda são necessários atividade física e controle
alimentar na dieta. A Yohimbina pode ser um coadjuvante no tratamento da
obesidade ou sobrepeso no sentido de ajudar a mobilização de gorduras
nas regiões em que há maior dificuldade.
Referências:
Berman DM, Nicklas BJ, Rogus EM, Dennis KE, Goldberg AP. Regional
differences in adrenoceptor binding and fat cell lipolysis in obese,
postmenopausal women. Metabolism. 1998 Apr;47(4):467-73.
Greenway FL, Bray GA, Heber D. Topical fat reduction. Obes Res. 1995 Nov;3 Suppl 4:561S-568S.
McCarty MF. Pre-exercise administration of yohimbine may enhance the
efficacy of exercise training as a fat loss strategy by boosting
lipolysis. Med Hypotheses. 2002 Jun;58(6):491-5.
Ostojic SM. Yohimbine: the effects on body composition and exercise
performance in soccer players. Res Sports Med. 2006
Oct-Dec;14(4):289-99.
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